quinta-feira, 20 de março de 2014

Notícias de Kiev.

Um amigo me perguntou sobre como andavam as coisas pela Ucrânia, sua terra natal, e nos últimos dias pude entender mais de perto o que se passa nesse que é o maior país completamente europeu. 

Meu time na Ucrânia é relativamente jovem, a maioria mais jovem que 30 anos de idade e alguns poucos com mais de 40 anos, num grupo de 13 pessoas somente 2 têm o Ucraniano como língua natal, e todos os demais todos falam russo como primeira língua e têm famílias de origem mistas Russas e Ucranianas, a maioria vêm de cidades no Leste do País. 

Pois bem esse meu grupo e mais muitas outras pessoas com que posso conviver não vêm com bons olhos a intervenção Russa na Crimeia, pais que consideram repressor e defensor de valores que vão contra os quais muitos jovem também Ucranianos de famílias que falam russo como primeira língua morreram assassinados por um governo autoritário e corrupto, fantoche de Moscou. 

Para eles não houve interrupção da democracia na Ucrânia em momento algum, o povo saiu a rua e protestou contra um governo déspota que apesar de eleito não sentia obrigação de representar e servir seu povo, seus jovens. Ao invés de ouvi-los o presidente eleito porém não democrático por isso decidiu usar de policiais armados com Rifles para eliminar seus jovens oponentes, após muito sangue correr o parlamento acordou e ouvindo o clamor do povo sentiu-se na obrigação de caçar o mandato de tal tirano, o qual como outros Ceausescu, Idi Amin e Ghaddafi se retirou de cena. 

A Ucrânia e seus novos lideres, eleitos pelo povo para o parlamento da Ucrânia, querem a paz, mas me falaram que não temeriam defender a pátria caso seja necessário.

Quanto a Crimeia, no que o povo fala, o tal "referendo" foi completamente ilegitimo, qualquer um podia votar, Ucraniano ou não, as fronteiras da Crimeia controladas por tropas russas impediram não só a entrada dos muitos jovens da Crimeia que vivem a trabalham em outras cidades da Ucrânia como da saudável presença de observadores internacionais. O que me dizem esses jovens, muitos de seus pais, de fato sentem um saudosismo do país que nasceram e cresceram, um país que já não existe mais, e a atual Rússia apenas sucedeu no espaço geográfico.


Para alguns deles a única solução pode ser mesmo drástica, ainda mais para um país tão inferior militarmente que seu opressor, porém o mais trágico é que de certa forma são povos irmãos, já que muitos aqui tem ou pai ou mãe Russa.

Só o tempo dirá o que vai se suceder, mas eu já não consigo me sentir indiferente ao que se passa nesse pedaço do planeta ao qual tenho visitado tão freqüentemente nos últimos 3 anos e é tão diferente do meu atual lar, tão similar minha 2 pátrias e seus sonhos e desafios e ao mesmo tempo tão mais valente por enfrentar um Urso tão grande e assustador que impede a saída da caverna.


Espero em 7 semanas poder voltar e se possível curtir um verão numa das belas praias da Crimeia Ucraniana. Ao menos a Ucrânia pode contar com Berwick-upon-Tweed.